¡Organízate y lucha!
8 de septiembre de 2025
Redactado por Séchu Sende
Este artículo está redactado en gallego y de momento no está disponible en castellano
Muitas vezes perguntamo-nos que podemos fazer nós polo bem comum. Que podemos fazer para que o mundo seja um pouquinho melhor. Fazer parte dumha AMPA, dumha associaçom cultural ou desportiva, entrar na comissom de festas ou na organizaçom do entruido, criar um grupo de música, participar numha manifestaçom..., cousas assim. Há gente que participa um pouco, pessoas que participam muito e gentinha que nunca participa em nada.
Nestes tempos de individualismo, para muita gentinha o bem comum começa e acaba no seu embigo, no seu sofá, na sua casa, na sua família, nos seus. O mundo é plural e variado. Tem que haver de todo, seique. Mas, já sabedes, o mundo seria muito melhor se muitas pessoas participassem um pouco em vez de que poucas pessoas participassem muito.
Há pessoas que na Galiza se identificam com o epíteto de “boas e generosas”, vivem com preocupaçom as violências do mundo e crem que devem atuar contra a desigualdade e a injustiça, em defensa dos direitos humanos e a justiça social. Som seres humanos sensíveis ao sofrimento. E atuam.
Pedro formou e forma parte desse povo, desde Nunca Mais e Burla Negra, desde a sua AMPA, a associaçom cultural, a Plataforma contra os eólicos no Courel, a organizaçom do entruido na montanha e das mánis por umha sanidade digna no concelho, a Brigada Poesia de voluntárias contra os incêndios ou a alegria da comissom de festas. Puxo o passa-montanhas para um video-poema ecologista para TikTok, é protagonista dum livro de poesia e toca o seu tamboril quando ao mundo lhe cumpre a música. Trabalhador da terra, trabalhadorinho de maos fortes, quando pastor, quando gandeiro, a recolher a castanha e admirar orquídeas, a sachar os caminhos da aldeia para canalizar a água, a reconstruír a fonte, a guiar o taxi pola neve adiante, a roçar caminhos e soutos dentro e fora dos poemas do Courel.
Pedro do Courel, Pedro Liño do Cuco, Pedro da Estrada, Pedro de Hórreos, Pedro da Santa Sede, Pedro, é umha dessas pessoas, como milheiros há neste país, a quem muuuuita gente consideramos “boa e generosa”. Sempre a sumar em projetos coletivos.
Quando vas com Pedro pola rua, nom sei, o Dia da Pátria, por exemplo, ficas maravilhado com a quantidade de pessoas que o conhecem de terem vivido com ele bons momentos, cheios de sorrisos. Porque Pedro é umha dessas pessoas com sorriso lindo e admirável, dessas pessoas que fam que outras sorriam alegre e nobremente.
Às vezes sentimo-nos ouriços cacheiro a cruzar a estrada de noite. Sabemos que é perigoso porque pode vir uma luz terrível e passar-nos por riba. Mas temos que cruzar polas necessidades da vida. Há que atravessar ainda que sejamos frágeis, vulneráveis. Outras vezes, sentimo-nos ursos do Courel, grandes mas poucos, fortes mas pouquinhos, poderosos mas espécie ameaçada. Que linda seria umha moeda da Galiza com um ouriço cacheiro por umha cara. Ou um selo da República Galega com umha ursa na Lagoa da Lucenza. Pedro tem coraçom de ouriço cacheiro e de urso pardo ao mesmo tempo.
Às vezes há pessoas que se ponhem diante da polícia como ouriços cacho a intentar atravesar a estrada no meio da noite. Som pessoas boas e generosas que som golpeadas, detidas e mesmo condeadas por se pór enfronte da polícia, esse ofício que tem como objetivo exercer a violência institucional, como a dos exércitos, legitimada polos estados. O terror oficial.
Em quando a povoaçom do Planeta Terra está a presenciar um genocídio, o assassinato em masa do povo de Palestina a maos do estado de Israel, há pessoas que decidem fazer algo. Já sabemos que fazer algo é mui relativo. Mas o feito de que as mesmas tvs e ecráns transmitam as imagens do genocídio e um acontecimento desportivo mundial, como a Vuelta a Espanha, facilita a criatividade da rebeldia: ocupar com bandeiras palestinianas os espaços por onde transcorre o evento é umha forma de visibilizar, denunciar e manifestar a repulsa da sociedade civil ante o genocídio, os seus responsáveis e aliados.
Ao mesmo tempo que milheiros de crianças som assassinadas em Gaza, nesta parte do mundo há gente que decidiu lembrar-lhe a quem está no sofá sentado ou tomando algo numha cafetaria ou guiando um carro, que um genocídio está a acontecer. E transmitir aos fascistas que nom vam poder calar-nos. O genocídio interrompe, brevemente, um momento de ócio e tempo livre. É algo simbólico. Um grito na vida cotidiana.
Um dos emblemas propagandísticos do estado genocida é o equipo ciclista Israel Premier TECH, parabenizado polo fascista Netanyahu polo seu protagonismo na Vuelta. Imaginais, distopicamente, umha equipa do III Reich a levar a esvástica no peito a cruzar as estradas da Galiza?
Pedro estava a manifestar-se em defensa de Palestina quando a polícia espanhola o agrediu e o detivo. Afortunadamente há vídeos e fotos da violência policial. No escrito da acusaçom contra ele, argumenta-se que manifestar-se contra o genocídio do estado de Israel na Vuelta forma parte dumha vaga de violência organizada polo que erguer a voz e a bandeira palestiniana se converte em altercado público, quase em terrorismo.
Quando vários polícias turravam de Pedro, que estava detrás dum valado metálico, para o deter, um deles chegou a berrar-lhe “Salta la valla!” mentres o inmovilizavam seis braços uniformados, por diante, e dous dum policia secreta, por detrás.
Com a perna do polícia na cabeça, contra o asfalto, despois dos golpes, Pedro sorriu e chiscou um olho.
Nesse momento, perto, umha mulher, Rosana, também era agredida pola polícia espanhola, instantes despois de pedir a um corpo com capacete que lhe mostrasse o seu número identificativo. Rosana também foi detida e acusada de acusaçons acusatoriamente surrealistas e... inventadas. O papel terma de todo. Esse mesmo dia, noutros lugares do país, outras oito pessoas também foram detidas, privadas de liberdade e acusadas de desordes públicas, agressons ou resistência à autoridade.
O caso do jabali é interessante. Umha pessoa numha estrada adianta-se com a bandeira palestiniana, tropeça e cai aos pés dum pelotom de ciclistas. Bem se ve nas imagens da TV que a caída do abandeirado é accidental. Mas nesse mesmo momento, um jabali atravesa a estrada, uns metros mais adiante, e provoca a caída dum dos ciclistas do grupo. Apesar da claridade das imagens, a propaganda culpa o ativista propalestiniano do desafortunado acidente. Apesar de que ao longo da história do ciclismo no estado espanhol quem somos seguidores da bicicleta conhecemos o historial de acidentes causados pola polícia espanhola nas estradas, mais umha vez os medios hegemónicos exculpam de responsabilidade um polícia que cruza, a correr, de fronte, em diagonal, por diante dum pelotom em corrida, contradizendo os protocolos de seguridade mais básicos. A culpa foi tua, jabali!
O fascismo avança polo planeta adiante. Como dizia há pouco um músico africano, -desculpai, nom achei o seu nome- na Europa devemos preocupar-nos de combater aqui o fascismo que origina e impulsa violência por todo o planeta. A bandeira de Palestina é um estandarte antifascista. Como di a cançom de Dakidarria, que cantamos e bailamos centos de pessoas do público com Pedro no Festival de Salvaterra: “Aqui están as antifascistas”. Pedro foi a prissom por ser antifascista, entre outras cousas.
Durante a detençom, a Pedro romperom-lhe a prótese dos dentes, deixarom-lhe os braços com hematomas e quigerom humilhá-lo. Nom o conseguirom. Quem esperamos por ele à saída da comisaria de Monforte recebemo-lo com aplausos. Ali estava, emocionado, com o seu coraçom de ouriço cacheiro e urso pardo por baixo da kuffiyah no meio da noite. Quanta gente!, dixo. E o seu sorriso bom e generoso fixo-nos sorrir, mais umha vez, com admiraçom, fermosura e nobreça.
Um abraço de palavras, irmaozinho.